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A violência reina no mundo

“Estou decepcionado com o ser humano”. Esse foi o último desabafo do papeleiro Carlos dos Santos, horas antes de ser queimado vivo por quatro guris de 13 a 15 anos, no dia 21 de setembro, em Caxias. Um dos jovens confessou sem demonstrar um pingo de arrependimento: “Jogamos gasolina em todo o corpo, até na cara”.
Há violência por toda parte. Os noticiários mostram, diariamente, atos abomináveis cometidos por seres humanos. O homem, com o coração cheio de maldade, está se tornando um ser desumano com aparência de humano, capaz de cometer atrocidades brutais, horrendas e cruéis. Em Nova York, semana passada, uma babá esfaqueou duas crianças de dois e de seis anos. Em Cachoeira, um rapaz está internado em estado grave no HCB, após ter sido pisoteado na cabeça e agredido a pauladas na rua, de forma impiedosa. Esta semana, na capital, um pai foi preso, após agredir covardemente a filhinha de três meses de idade.
Mas será que Deus criou o homem para viver de forma violenta? É claro que não. Do contrário ele teria nascido com garras e dentes afiados. E já que não tem a aparelhagem básica para agir como um ser violento é porque foi criado para viver de forma pacífica.
Então por que o ser humano está tão agressivo? As principais causas apontadas por especialistas são: o próprio temperamento hostil que leva a pessoa a impor, pela força, o que pretende sem respeitar os outros (Jesus profetizou: “A maldade vai se espalhar tanto, que o amor de muitos esfriará”). O uso da violência para compensar frustrações, sentimentos de inferioridade e complexos (pesquisa do Ibope constatou que 28% dos brasileiros nunca recebeu um gesto de carinho). E a necessidade de imitar o que vê e o que sente ao seu redor. Aí entra o poder enfeitiçador da televisão que mostra a toda hora cenas brutais de violência como algo trivial e que faz parte da vida. Estudos revelam que há, em média, 25 cenas de violência por hora nos programas infantis. E durante a programação adulta “o sangue escorre da TV”. Um exemplo é a novela Avenida Brasil que banalizou a bestialidade e reforçou o desejo de vingança. Mariane Murakami, especialista em comunicação de massas, alertou: “É crescente e intensa a circulação de imagens violentas nas telenovelas”.
Por isso todos estão cada vez mais inseguros, já que a violência reina no mundo porque reina também no coração dos homens.