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Afastar o ódio, isolar os extremistas

O país atravessa seu momento político mais delicado desde a redemocratização na década de 1980. O golpe de 2016 deflagrado pela direita brasileira insuflou as forças negativas e inibiu algo fundamental ao convívio democrático: a capacidade de entendimento mínimo entre forças política adversárias. Os adversários de antes se tratam como inimigos agora. O ódio implode a democracia. 

O Sistema de Justiça, nas suas altas cortes, poderia exercer o papel de frear a exacerbação dos antagonismos, tratando as forças políticas com a mesma régua. O que seus agentes vêm fazendo, todavia, é pôr gasolina no fogo. Condenam uns, deixam soltos outros. Os principais símbolos da Justiça hoje são os juízes Gilmar Mendes e Sergio Moro, os quais já estariam destituídos dos seus cargos tivéssemos instituições sérias. 

O principal alvo do ódio direitista é o PT e suas lideranças, Lula e Dilma. Mas, diferente do que muitos de seus adversários esperavam, o ódio e a intolerância não vêm atingindo apenas a esquerda: estão engolindo a política. Lideranças de centro direita do PSDB e PMDB somem diante de extremistas como Bolsonaro e Doria, que só chamam atenção pelos xingamentos que proferem. Nas eleições de 2018 (se houver) o ódio será levado às telas da TV e esse será mais um duro teste para nossa abalada democracia.

No curto prazo, não há espaço para reconciliações políticas. Mas, é preciso desde já isolar os arautos do ódio. Bolsonaro e Dória precisam ser tratados como o que são: extremistas e intolerantes. Não devem ter apoio dos democratas. O mundo já está confuso demais para ter algum seguidor de Trump na Presidência. 

Para sair do nosso pior momento só há uma saída: reconstruir uma base mínima de confiança entre as forças políticas. Faz-se isso com eleições limpas, em que candidatos de diferentes posições apresentam suas propostas e o povo faz sua escolha. Sem artimanhas para tirar artificialmente algum candidato do páreo. Impedir a candidatura de Lula, por exemplo, será fatal para a retomada da confiança perdida. Somente um vencedor eleito legitimamente terá condições de convocar a nação para retomar o rumo perdido nos últimos anos.