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E se fosse com você?

No sábado chegamos à triste marca de 500 mil óbitos por Covid-19 no Brasil. Meio milhão de pessoas perderam suas vidas por um vírus para o qual já existem vacinas. É como se a população total de alguns municípios do Vale do Rio Pardo desaparecesse. Consegue imaginar Santa Cruz do Sul, Rio Pardo, Venâncio Aires, Vera Cruz e Sinimbu devastadas de uma hora para outra? Acredito que somente daqui a alguns anos vamos poder analisar esses dados e nos darmos conta da enorme tragédia brasileira.

Não há quem tenha passado imune à pandemia. Tem quem tenha perdido o emprego, tenha tido um familiar acometido pelo vírus, conheça alguém, alguma família ou região que esteja sofrendo com a fome. Hoje, a nossa dura tarefa é combater a fome, o desemprego e o presidente. Este último, o grande responsável pelo que estamos vivendo. Bolsonaro não só é o grande responsável pelo que estamos vivendo há um ano e meio como também tem sido o ator principal de uma guerra ideológica doentia que nos induz à desumanização. Os números já não assustam mais as pessoas. O uso de máscaras e distanciamento foi duramente sabotado. Tem quem diga que a solução é um tal de tratamento precoce. São todas respostas de quem não respeita e não tem o menor grau de empatia pela dor que o outro está sofrendo. Aos que não se comovem com a dor alheia, precisamos perguntar: e se fosse com você?

Por isso, mais do que 500 mil vidas perdidas, precisamos dizer que mães e pais perderam seus filhos, maridos e esposas perderam seus amores, avós e a avôs deixaram seus netos, primos e primas partiram sem poder dar adeus às suas famílias. Entre esses 500 mil mortos, existiam pessoas com sonhos, desejos, esperanças. Pessoas que não puderam nem mesmo ser veladas de maneira digna, se despedindo dos seus entes queridos.

Agradeço todos os dias pelo fato de, até o momento, não ter contraído a Covid-19, assim como nenhum membro da minha família. Meus pais tomaram a segunda dose, minha avó foi vacinada e estamos bem. Tivemos perdas financeiras e nossa vida mudou do avesso como a vida de todos os brasileiros, mas seguimos bem, vivos, trabalhando e esperando pela imunização total. Seguimos ajudando quem conseguimos e buscando lidar da melhor maneira com essa situação até que ela acabe. Isso tudo, é claro, sem esquecer da dor de muitos conhecidos que perderam amigos e familiares, incluindo-os sempre em nossas orações.

Sei que é difícil ter esperança, no entanto, somente isso será capaz de nos fazer passar por isso. Acredito que estamos chegando ao momento em que a população está enxergando os verdadeiros culpados pela situação da pandemia. Por isso, seguimos defendendo o auxílio emergencial para quem não tem renda, vacina para todos e fora Bolsonaro.