Início Colunas “Há algo de podre no Reino da Dinamarca”(*)

“Há algo de podre no Reino da Dinamarca”(*)

Tenho acompanhado os acontecimentos que circundam Brasília, em especial o Governo Federal, que usa como argumento fundante de sua atuação, o discurso da honestidade. No decorrer da semana, quando surgiu a notícia da hipotética compra no mínimo estranha da vacina indiana, Covaxin, o secretário-geral da Presidência da República, ao invés de explicar o que aconteceu, repetiu o mantra do governo mais honesto que este pobre País já teve. Disse que o governo Bolsonaro rompe com 40 anos de corrupção endêmica, e que está sendo vítima de uma imprensa parcial, dentre outras baboseiras.

Vamos aos fatos: o deputado federal Luis Miranda é do DEM, mesmo partido de Onyx, mas ele não disse isto em nenhum momento de sua fala, ao contrário, disse que o mesmo agora seria um traidor. Outra, não explicou a razão na pressa para aquisição de uma vacina que sequer havia sido aprovada pela Anvisa. Caso o servidor público que agora é execrado pelo gabinete do presidente da República, que é irmão do deputado denunciante, não tivesse colocado objeção na forma de compra da vacina, teriam sido pagos 45 milhões de dólares para a empresa Precisa, que até agora pouco se sabe sobre seus proprietários.

Outro fato que chama atenção, é que no mesmo dia em que o tresloucado Ricardo Salles é saído do governo, em razão de várias denúncias de corrupção no Ministério do Meio Ambiente, o ministro Onyx, do alto de sua arrogância, ainda fala que o governo Bolsonaro é o mais honesto do mundo. Parafraseando Shakespeare, algo cheira muito mal no Reino de Bolsonaro, que não consegue entabular um diálogo com jornalistas, sem agredir e assediar moralmente os profissionais que tentam cumprir seu papel em um Estado Democrático de Direito.

O que está claro é o derretimento gradual de um governo tosco, formado por bajuladores, que muito pouco ou nada entendem de gestão pública, e muito menos sobre o papel do Estado, senão fantasiar sobre uma suposta honestidade que os fatos não sustentam.

(*) “Hamlet” – William Shakespeare