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Efeito colateral na terra do Bolsoquistão

Se existe algo que a CPI da Covid-19 está conseguindo descobrir é que há um completo descolamento da realidade por parte dos bolsonaristas. Isso ficou nítido já nos primeiros dias do governo Bolsonaro, mas para alguns somente a tragédia os convenceu do óbvio ululante. Agora, a grande questão do momento é saber se isso tudo é o efeito colateral da fixação que os integrantes do governo têm com a cloroquina.

Existem provas suficientes que mostram um comportamento criminoso por parte de Pazuello e outros integrantes do governo federal. Não que o Brasil fosse um sinônimo de civilidade no mundo, mas também nunca havíamos chegado a níveis tão baixos de descaso, omissão e desrespeito com a sua própria população. No entanto, se há algo que a política ensina é que não bastam crimes se não houver vontade política para culpabilizá-los. Fico em dúvida se veremos a justiça sendo feita ou teremos o mesmo repertório de sempre que acaba com a prescrição de crimes e a impunidade.

No Bolsoquistão não existem leis e tudo está ao avesso. Quem aglomera é festejado, quem fica em casa é “otário”, segundo palavras do presidente da República. Miliciano vira herói ou queima de arquivo. General da ativa participa de ato político mesmo não podendo. Aliás, há algum general que não esteja dentro do governo? Mas seguindo o raciocínio: tudo pode para o bolsonarismo, menos para os outros. Tem churrasco com picanha, cerveja e outros luxos, entretanto, falta comida na geladeira do pobre. Tem posse de arma liberada, porém falta emprego. Dívida de bilionário é perdoada e, ao mesmo tempo, operação policial em favela. Mentira vira verdade, WhatsApp se torna fonte confiável e a verdade para eles é “Fake News”. Tem gente ficando ainda mais rica, enquanto outros são despejados em plena pandemia. Aliás, ainda existe pandemia no Bolsoquistão ou a terra já deu tantas voltas que ficou plana e a Covid acabou neste universo paralelo?

Com tanta gente assim, que não tem um pingo de respeito pela vida dos outros, é urgente darmos um basta. Sim, eu tenho medo do contágio, mas maior do que isso é o medo deste governo continuar. Por esse motivo, eu vou estar na rua neste sábado. Com todos os cuidados, irei para dizer um basta daqueles que deixam a garganta rouca. Aquele grito entalado que tanto pede para sair da boca terá o seu dia de liberdade. Não consigo mais viver e continuar acreditando em normalidade em um País comandado por Bolsonaro. Não há nada de normal em um cotidiano que naturaliza mil mortes diárias. A culpa de estarmos dilacerados, cansados e sem esperança não é da pandemia, mas sim de quem permitiu chegarmos a este ponto. De quem nega a ciência, nega a realidade e a verdade.

Tendo dito isso, depende de todos uma mudança no País. Eu espero e farei parte daqueles que irão protestar, antes que seja tarde demais. Por isso, neste sábado, eu vou para a rua e espero que você vá também!