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Mãos de ouro | O dom de um verdadeiro artista no desfile de Natal

A beleza dos carros confeccionados pelo artesão Sérgio Ávila traduzem o espírito natalino na Christkindfest

Ana Souza
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A magia e o espírito natalino tomaram conta da rua Marechal Floriano. Os desfiles da Christkindfest chamaram atenção do público pela beleza das alegorias e a empolgação dos figurantes, que encantaram quem prestigiou os eventos realizados no dia 09, 13 e 20. Neste sábado, dia 23, ocorrerá o último desfile e o encerramento da programação. Mas fica a pergunta: ‘Quem conhece o artesão que se dedicou com tanto talento na confecção dos carros?’. O Riovale Jornal conversou com Sérgio Ávila, diretor artístico, que falou sobre a paixão em ser artesão e seu trabalho, exercido há 8 anos.
Artesão é o profissional que utiliza o poder da criação para transformar objetos em verdadeiras obras de arte. Assim é Sérgio Ávila, que desde criança já despertava o dom pela magia da criação. Os carros da 25ª edição da Christkindfest são desafios para ele, pois em um mês ele transforma as alegorias da nossa Oktoberfest para o desfile de Natal. Conforme ele tudo é reaproveitado, após cada evento são guardados os materiais para serem utilizados em momentos especiais.

O carro da Neve: uma das novidades do desfile
Fotos: Ana Souza


O espírito natalino foi traduzido em sete carros, com vários elementos. Fadas, flores, borboletas, bailarinas, anjos e os símbolos típicos do Natal como o presépio e a árvore. “Cada carro tem sua particularidade. Este ano a novidade ficou por conta da alegoria que trazia a neve, que abre o desfile. Em 2022 brincamos com as bolinhas de sabão, este ano fomos em busca das máquinas para fazer a neve artificial. Deu tudo certo e um efeito muito bonito. Há um ano eu já vinha trabalhando no tema da festa de Natal, queria muito exaltar a paz, ainda mais porque se falava em guerra nos noticiários. Tivemos uma reunião, eu e o coordenador da Christkindfest, Victor Kaminski, com a prefeita Helena e falamos sobre a temática e em fazer um pedido pelo milagre da paz”, explica.
O carro da neve, conforme Sérgio, também trouxe os personagens da Disney e preparação para o Natal com as crianças montando a árvore. “Ele é impactante pela beleza que traz. Os carros se conectam às alas que são muito importantes para que o desfile aconteça. São em torno de 500 pessoas, entre figurantes e alunos de escolas. O primeiro carro, o abre-alas, traz a adorada família Fritz e contou com as máquinas de flocos de gelo artificial.”
O segundo carro é o das soberanas da Oktoberfest, a rainha Camila Schaefer e as princesas Daniela Schoeninger e Marília Fischer. “Deixamos ele todo em tons de rosa e enaltecendo a paz”. Em seguida o terceiro carro com integrantes do CTG Lanceiros de Santa Cruz e que traz o presépio vivo. “Simboliza o nascimento de Cristo. Estes carros formam o primeiro setor do desfile. Além deste também presente a cultura da Oktoberfest, da Procissão das Criaturas e do Enart.”
Na segunda parte do evento vem o quarto carro com a pomba da paz, trazendo o tema ‘Milagre da Paz’. “No segundo momento está inserido o trem, no quinto carro, que simboliza a alegria com palavras de compreensão, esperança e amor. O sexto carro é a fábrica do Noel, carregado de presentes e muito encanto com os brinquedos. O sétimo carro são as figuras símbolo do Natal, o Papai Noel e a Mamãe Noel. À frente do trenó, fazendo o som, a Banda da Escola Santa Cruz.”

O carro da Paz: uma enorme pomba branca foi
destaque na alegoria


Fazer os carros foi uma pesquisa por elementos. “Uma verdadeira viagem com o despertar da imaginação. Fiz o carro da Neve, durante a Oktoberfest, já pensando em adaptar para o Natal. Para mim tudo foi lindo demais e um dos destaques vai para vovó Brunilda Rech, com sua simpatia aos 96 anos. Ela veio no carro dos brinquedos.”
É gratificante e emocionante, pois até o último momento ainda buscávamos por figurantes. Foi muito especial!”, frisa Sérgio.

Carro dos brinquedos com a vovó Brunilda, 96 anos
de muita simpatia
André Rech

O despertar do artesão

No barracão, localizado junto ao Parque da Oktoberfest, estavam dispostos os carros. A magia toma conta do local. E foi ali que Sérgio falou sobre como tudo começou. “Na equipe de organização do desfile, já estou há 8 anos. Estou aqui em Santa Cruz há 10 anos, posso dizer que nasci pronto para a arte. Nasci artista, tentei outros ramos de trabalho, mas me sentia muito agoniado. A relação com a arte foi um dom mas, desenvolvi muito mais devido à várias questões. Entre eles a homofobia. Precisava canalisar em algo que me desse uma estrutura mais firme. No início me foquei na questão, pois realmente precisava. Sou formado na área da Comunicação, em Relações Públicas, fui professor na Feevale e com pós-graduação em Recursos Humanos. Fiz concurso na Ufrgs e passei e foi ali que deu a ‘virada’ na chave. Fiquei dois anos na Universidade e desenvolvi a parte teatral, trabalhei como produtor de teatro. Fazia eventos esportivos, decorações, cerimoniais e via que meu trabalho estava dando certo e minha sexualidade também sendo respeitada.”
Sérgio lembra que o despertar foi quando criança, aos 7 anos de idade. “Minha mãe, minha avó e minha dinda sempre me incentivaram. Diziam que eu era artista e sabia tudo. Todo meu trabalho é acompanhado por elas. Moram longe, mas sempre acompanham o que faço. Lembro quando criança que fazia bonecos fantoches nos dedos e brincava com a família. É muito forte tudo isso e esse despertar me trouxe hoje para cá e poder demonstrar no desfile de Natal se torna muito gratificante!”, finalizou.

Sérgio Ávila: movido pela arte na criação dos carros
Ana Souza