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O que o sistema de radiocomunicação tem a ver com o furacão Sandy?

Todos sabem que o planeta está passando por um período de aumento de temperatura em média de um grau centígrado por ano. Essas alterações denominadas pelos metereologistas como “mudanças climáticas”, alteram substancialmente todos os processos de correntes marítimas, pressão atmosférica, dentre outros sistemas estruturais responsáveis pelo clima em todo o mundo.
Uma das principais consequências da mudança climática, segundo especialistas, é o aumento das correntes marinhas e correntes de ventos, sendo essa última a principal causa de interrupção em sistemas de telecomunicações, em especial de radiocomunicação empresarial que utiliza muitas torres.
Furacões, ciclones e tufões sempre existiram, tanto é que os projetos das torres antigas tinham como primícias a resistência dos ventos, porém para suportar velocidades bem menores do que as atualmente registradas. Em razão disso é altamente recomendável que os projetos de estruturas metálicas já implantados sejam regularmente vistoriados e em alguns casos até revistos.
Há algumas décadas muitos projetos de fundação e estruturas das torres suportavam ventanias de até 100 km/h. Hoje notamos uma maior incidência, pois a frequência de ventos acima desta velocidade, em várias partes do mundo, caso do furacão Sandy, que chegou a quase 160 km/h.
Vale salientar que a norma técnica brasileira é mais conservadora e já prevê a velocidade de 160 km, ao contrário de outras normas técnicas internacionais menos rigorosas em relação a esse importante parâmetro.
A diferença de 60 km pode, em muitos casos, derrubar uma torre expondo a riscos toda a comunidade em que elas estão instaladas. Afora isso, haverá prejuízos materiais e logísticos, além da perda dos sistemas de voz, dados e telecomunicações como internet, e-mails e outros, pois sem comunicação nenhuma empresa consegue operar. 
Outro fator de risco comumente verificado é a falta de critérios na utilização, instalação e capacidade de carregamento de torres de telecomunicações. Elas possuem uma capacidade de carga e não deve ser ultrapassada. Muitas empresas que adquirem torres em suas instalações não possuem controle sobre essa documentação e em casos mais graves, sequer tem a documentação.
Como prevenir é melhor que remediar, o ideal é regularmente fazer uma vistoria geral na estrutura para que se possa corrigir de antemão erros de projeto, desgastes decorrentes de deformidade ou fadiga na estrutura.
Atuando dessa forma, certamente panes e interrupções de sistemas de telecomunicações serão evitadas, e principalmente, a vida e a saúde de muitas pessoas serão preservadas.

* Advogado especializado em telecomunicações e gerente de marketing do Grupo Avanzi, consultoria especializada em radiocomunicação