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Telefone tocando

Uma das minhas maiores fontes de estresse, uma das coisas que mais me irritam, é um telefone chamando, sem ser atendido. Alguém por exemplo que diz, liga tal hora que te confirmo. Aí, não atende mais o telefone. Pode ter coisa mais irritante, irresponsável, covarde? Eu não deixo de atender o telefone celular nem mesmo quando estou no ar, apresentando um programa. Vejo que está vibrando no bolso enquanto estou falando, e assim que entra uma matéria, eu atendo e digo que estou no ar, que falo em tantos minutos. Durmo com o telefone ligado. Pode ser que aconteça alguma coisa com alguém, enfim… Dia desses fui pra chácara do meu amigo no interior de São Francisco, o celular não pegava, coloquei no alto de uma árvore, e volta e meia olhava pra ver se tinha alguma ligação. Até é bom fugir um pouco do celular, internet, e tal… Mas alguém que não atende telefone, princilpalmente quando não sabe o que dizer, é o fim do mundo, e o fim de um caráter.

Acho que o futebol gaúcho nunca esteve tão carente de atacantes quanto agora. Juntando Inter e Grêmio, tirando o Damião, não resta um atacante de confiança, bom mesmo, que se possa entregar uma camisa 9 e ir dormir descansado. Qual seria o outro? Nenhum. Talvez viesse a ser o Miralles, mas o Roth não foi com a cara dele. O André Lima não dá pra fazer uma tabela, entrega uma bola e recebe um tijolo de volta. Outro? Qual… O Sóbis foi para o Fluminense, o Cavenaghi é capitão e goleador do River. O Borges é goleador do campeonato pelo Santos. A pergunta é: Como deixaram sair de Porto Alegre uns atacantes desses? Como? E agora? Eu queria ver um ataque formado pelo Brandão e o Jô. Já imaginaram? Meu Deus do céu.

Dei um depoimento esta semana para o meu amigo Emígdio Engelmann, professor da Unisc, sobre os clássicos de Santa Cruz, Ave-Cruz, Gi-Co, enfim, clássicos que movimentavam a cidade em anos passados. Me deu muita saudade. Que tempos maravilhosos os dos clássicos do basquete. Que cidade que gostava de basquete. Como é que Santa Cruz não tem nenhum time, pelo menos um grande time de basquete? Lembro como se fosse hoje que aos sábados à noite eu ia ao ginásio do Corinthians ver ou trabalhar pela Rádio Santa Cruz nos jogos do Corinthians contra a Sogipa ou União, ginásio lotado, com Marsiglia, ou Mabilde, ou Santoro apitando. A Ginástica não cheguei a ver, mas sempre me disseram que tinha grandes times com Uli, o irmão do Piru que era diretor da Samaq, grande figura, que agora não lembro o nome. E os Ave-Cruz, meu Deus, desses eu sou suspeito em falar. Mas lembro que num deles fui com o meu pai nos Eucaliptos e caiu a maior chuva de pedra que já ouvi falar na minha vida. Voltamos não sei como caminhando pra casa, parando embaixo um pouco de cada telhado. E morava longe. Que maravilha. Bons tempos de clássicos em Santa Cruz, bons tempos de Santa Cruz.