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De um coração, em quatro se transformou

Da esquerda para a direita, Gabriela, Maurício, Daniela, Diego e Carla

Lavignea Witt
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Muitas pessoas que desejam ter uma família pensam em um ou dois filhos, talvez três. Tudo isso dentro de um plano de vida. Mas e quando o planejamento toma um novo rumo? Para tudo se tem um jeito, segundo a professora Carla Thomas da Silva. Tempos atrás, em 1988, quase três anos após ter o seu primeiro filho, Diego, a vontade de aumentar a família aflorou. Então, logo veio a notícia da segunda gravidez.

O filho Diego ainda criança


A alegria tomou conta de todos, mas ninguém imaginava o que estava por vir. Tudo seguia normal até a ultrassonografia do quinto mês de gestação, quando a imagem mostrou dois seres crescendo em seu ventre. O primeiro pensamento de Carla foi em sua avó por parte de pai, que engravidou duas vezes de gêmeos. Depois disso, a emoção tomou conta. “Chorei durante uma semana. Fiquei apavorada, pensando em como eu ia fazer”, lembra.

Os trigêmeos Daniela, Maurício e Gabriela


O suporte da família foi fundamental. Como costume de gerações, a professora herdou uma cama de bebê, que passava de filho para filho há muitos anos. Na época, seu marido, o engenheiro mecânico Mário André Ferreira da Silva, que tinha uma serralheira, precisou fazer um novo berço para acomodar o segundo filho que viria. E a vida seguiu assim, adaptando o que já existia e pensando no que estava por vir.


Ao contrário da gravidez de seu primeiro filho, em que precisou superar deslocamento de placenta, infecção urinária e uma bolsa que rompeu no oitavo mês, a gestação dos gêmeos foi tranquila para Carla. “Não precisei tomar nenhum remédio, os exames estavam todos ótimos. A única coisa foi que, com oito meses, a minha pressão aumentou e eu tive que fazer cesárea”, relata.
Outro aspecto foi o tamanho da barriga. “Eu não estava gorda, só tinha barriga. Nos últimos meses, o médico dizia para eu não dirigir, porque a barriga já encostava no volante. Uma colega minha me dizia que se eu dobrasse a esquina dava pra ver primeiro a barriga e depois eu”, conta Carla, rindo das lembranças.


Então, chegou o dia de conhecer os gêmeos, mas Carla e sua família não imaginavam que a gestação guardava outra surpresa naquele 6 de julho. Logo quando chegou no Hospital Santa Cruz, o anestesista de sua cesariana olhou para ela e afirmou: “Nossa, essa barriga tem três”. E não é que ele tinha razão? Na hora do parto, após nascer um menino e uma menina, o médico auxiliar atestou haver mais um bebê. “Até hoje me emociono. ‘Tem mais um pezinho’, ele disse, e aí retirou mais uma menina”, recorda.


Carla garante que o terceiro filho não aparecia nas ultrassonografias e, como a tecnologia não era tão avançada naquela época, só foi possível saber de sua existência no dia do parto. “As meninas são univitelinas, se formaram em um óvulo, e o menino é um irmão de outra placenta. Isso foi uma loucura na época”, ainda se admira a professora.

Rotina nova


Naquele momento já não era mais somente Diego. Daniela, Gabriela e Maurício chegaram ao mundo pedindo espaço para ficar e mudaram a vida de todos em sua volta. Após nove dias internada por conta do baixo peso de uma das meninas, Carla foi para casa com seus bebês e uma rotina totalmente nova começou. Nessa fase, o apoio de sua mãe, Maria Célia da Rosa, do seu pai, Egon José Thomas, e da sogra, Norma Helena Ferreira foi fundamental, porque os cuidados eram redobrados em torno das crianças. Suas amigas e vizinhas também ajudaram em muitas situações.


Foram muitos momentos de aprendizados e experiências. O início da vida escolar, as festas de aniversário, as brincadeiras em família, tudo é guardado com muito carinho na memória da mãe orgulhosa. “Durante a criação deles, eu notava que todos eram muito unidos. O movimento da família era muito maior. Eu adorava ver eles juntos. Era bonito ver as conversas e as brincadeiras. Eu não me arrependo nem um pouco de ter tido os quatro”, orgulha-se Carla.
Todo o apoio oferecido durante boa parte da criação de seus filhos precisou ser intensificado quando os trigêmeos completaram 12 anos. Foi nessa época que o marido de Carla descobriu que estava com um distúrbio no sistema nervoso. “Esse momento foi um dos mais difíceis porque eu precisei assumir uma adolescência sozinha, naquela fase em que tu levas e buscas nas festinhas, cuidas as amizades. Eu só tenho a agradecer muito as pessoas que sempre estiveram do meu lado”, reconhece.

Gratidão


Apesar de tudo que passou, Carla se mostra totalmente agradecida. “Eu sou muito grata pelos meus filhos, muito mesmo. Pela benção de ter tido essas crianças. A gente pensa que tantas mulheres queriam ter filhos e não conseguem, outras têm e perdem”, expressa a mãe. Ela também afirma que, apesar de cada um deles estar em um lugar diferente hoje, ela nunca se sentiu sozinha. “Eles nunca me deixaram, eu sempre tive companhia. Mesmo quando meu marido estava doente, eu tinha eles comigo”, conta.


Para o Dia das Mães, Carla ressalta em sua mensagem que a vida deve ser valorizada. “Crianças que nascem todos os dias se tornam companheiras para essa jornada da vida. Tudo tem um motivo e os maiores são o amor e o companheirismo. Uma vez mãe, uma vida inteira de dedicação e carinho. Eu sou grata demais por ter meus quatro filhos com saúde. Então, o que eu posso deixar bem claro no Dia das Mães é que os filhos são parceiros de caminhada e que a gente aprende a cada dia. Ser mãe é uma felicidade”, define a professora.