Início Religião Conclave: entenda o evento que elegerá o Papa

Conclave: entenda o evento que elegerá o Papa

Suilan Conrado
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Chegou o tão aguardado dia para a Igreja Católica. Na manhã de hoje, 12, serão realizados os primeiros ritos do conclave, eleição que vai definir o sucessor do Papa Emérito Bento XVI.  A partir das 7h (3h de Brasília), os 115 cardeais eleitores começam a se transferir para a Casa Santa Marta, uma área fechada na cidade do Vaticano, local onde ficarão hospedados até ser eleito o novo pontífice.

Rolf Steinhaus


Dom Canísio Klaus, bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul: “Dom Odilo Scherer tem plenas condições de assumir esta incumbência”

Às 10h (6h de Brasília), será realizada na Basílica de São Pedro a missa inaugural do conclave. Ela será aberta a todos e presidida pelo cardeal decano, o italiano Angelo Sodano.
Neste primeiro dia, haverá apenas uma votação à tarde. A previsão é que a fumaça branca, no caso de eleito o papa, ou escura, se não houver consenso, seja emitida pela chaminé da Capela Sistina, na Praça São Pedro, no fim da tarde ou começo da noite. Os fiéis e curiosos que estiverem no local terão visão privilegiada.
Em caso de ausência de consenso, devem ocorrer até duas votações por dia durante o conclave. Cada um dos eleitores escreve o nome de seu escolhido em uma cédula de papel, em tamanho retangular e disfarçando a letra. Após a votação de todos, as cédulas são contadas por três cardeais que fazem o papel de escrutinadores, registrando os votos, e outros três cumprem a tarefa de revisão dos votos. Em seguida, as cédulas são costuradas e levadas para o forno para serem queimadas.
Para a eleição do papa, são necessários dois terços dos votos dos presentes, no caso 77 cardeais.  Se em três dias não houver consenso, a votação deverá ser suspensa por 24 horas para orações e reflexão. Depois, são promovidos mais sete dias de votações até completar um total de 34 votações.
No entanto, se mesmo depois de 34 votações não for alcançado o consenso, é feita uma eleição entre os dois candidatos que mais receberam votos. O escolhido deve dizer se aceita ser papa. Em caso positivo, ele é apresentado aos fiéis na Praça São Pedro.

DOM ODILO PEDRO SCHERER

O arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, é um dos nomes mais cotados para suceder Bento XVI.
Gaúcho de Cerro Largo, Dom Odilo nasceu em uma família de 13 filhos. Desde cedo, demonstrou vocação para o sacerdócio, estudando no Seminário São José, em Toledo, no Paraná, no Seminário Menor São José, em Curitiba, e na Faculdade de Educação da Universidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul.

Divulgação/RJ

Dom Odilo Scherer, 63 anos, é o 17º Arcebispo de São Paulo

O cardeal é formado em Teologia, no Studium Theologicum da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, é mestre em Filosofia e doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Dom Odilo domina vários idiomas, entre eles alemão, italiano e latim.

Lista de cardeais citados com mais frequência entre os que têm possibilidade de vencer no conclave:

Peter Turkson, de 64 anos, ganense, chefe da Comissão de Justiça e Paz do Vaticano
Laurent Monsengwo Pasinya, de 74 anos, congalês, arcebispo de Kinshasa, no Congo
Luis Antonio Tagle, de 57 anos, filipino, arcebispo de Manila e membro do Colégio de Cardeais
Odilo Pedro Scherer, de 63 anos, brasileiro, arcebispo de São Paulo
Dario Castrillón Hoyos, de 83 anos, colombiano, presidente emérito da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei e prefeito da Congregação para o Clero
Jorge Bergolio, de 76 anos, argentino, arcebispo de Buenos Aires
Leonardo Sandri, de 69 anos, ex-núncio na Venezuela e no México
Óscar Rodrígues Maradiaga, de 70 anos, hondurenho, arcebispo de Tegucigalpa, e presidente da Cáritas Internacional, que reúne organizações humanitárias ligadas à Igreja Católica Apostólica Romana
Grianfanco Ravasi, de 70 anos, presidente do Conselho da Pontifícia de Cultura
Angelo Scola, de 71 anos, arcebispo de Milão, na Itália. É defensor do diálogo entre muçulmanos e católicos
Péter Erdo, de 60 anos, húngaro, arcepisto de Budapeste
Marc Ouellet, de 67 anos, canadense, ex-arcebispo de Quebec e prefeito da Congregação dos Bispos
Carlo Maria Virgano, de 72 anos, norte-americano, núncio apostólico nos Estados Unidos
Charles Chaput, de 68 anos, norte-americano, arcebispo da Filadélfia, nos Estados Unidos
Timothy Dolan, de 63 anos, norte-americano, arcebispo de Nova York, nos Estados Unidos


A avaliação do Bispo de Santa Cruz do Sul


-Dom Canísio Klaus, como o senhor avalia a renúncia do Papa Emérito Bento XVI?

“A renúncia é um direito canônico que o Papa dispõe durante seu papado. E embora pouco comum nos nossos tempos, historicamente já aconteceu. Acredito que Bento XVI estivesse realmente sem forças para continuar com sua missão. A atitude dele foi madura, consciente, ele reconhece que sua incumbência é demasiada importante e requer um vigor que ele admitiu não possuir mais. Sua conduta foi louvável.”
 
– Acerca do sucessor de Bento XVI, o senhor acredita na possibilidade de Dom Odilo Scherer ser o eleito? Acha que ele está preparado?

“Há muitas especulações acerca do novo Papa, e certamente todos nós gostaríamos que Dom Scherer fosse o escolhido, no entanto, o conclave é uma eleição muito séria e sigilosa, e não há estimativas, boletins de porcentagem, como acontece nas eleições políticas. Todos saberão quem será o novo Papa, mas não saberão quantos votos ele fez. Quanto a estar preparado, penso que Dom Scherer, com o currículo que tem, e sendo um sacerdote iluminado por Deus, estaria apto para cumprir esta missão.”

-Por que seria interessante para o Brasil ter um Papa brasileiro no comando da Igreja?

“Se isso de fato acontecer, será a primeira vez que um brasileiro terá sido nomeado Papa. Acredito que isso resultaria em uma renovação da fé entre o nosso povo, que é predominantemente católico, e traria uma aproximação maior com o Vaticano, porque saberíamos que seria um brasileiro a estar lá, ocupando posto de tal relevância para o mundo.”

– No seu entendimento, Dom Klaus, qual será o maior desafio do novo Papa?

“O desafio é manter-se perspicaz, atento aos obstáculos. O Papa é uma personagem muita visada e suas declarações e opiniões, são de extrema influência. Ele é uma figura respeitada por todos, inclusive por aqueles que não pertencem à religião católica, por isso é fundamental que ele seja imparcial nas suas atitudes e decisões.”

-O senhor gostaria de estar hoje no Vaticano?

“Gostar, certamente eu gostaria. Mas tenho a convicção de que devo estar junto ao meu povo, à minha Diocese nesse momento glorioso. É um momento histórico também na minha vida como bispo. Minha missão é estar aqui.”

Dom Canísio nasceu em Arroio do Meio. É o sexto filho numa família de 7 irmãos. Fez seus estudos de primário nas escolas de Arroio Grande Central e Dona Rita (Arroio do Meio). Estudou nos seminários Sagrado Coração de Jesus de Arroio do Meio, São João Batista de Santa Cruz do Sul e Imaculada Conceição de Viamão. Concluiu seus estudos de filosofia na Faculdade do Seminário de Viamão e teologia na PUC/RS de Porto Alegre. Foi ordenado sacerdote no dia 28 de dezembro de 1979 em Arroio do Meio.


Renúncia de Bento XVI

Bento XVI, desde 28 de fevereiro Papa Emérito, anunciou em 11 de fevereiro que havia decidido renunciar. Foi o primeiro pontífice a renunciar em mais de seis séculos, o que criou situações praticamente inéditas para a Igreja Católica Apostólica Romana.
Desde a renúncia, Bento XVI está em Castel Gandolfo, a residência de verão dos Papas, que fica a cerca de 25 km do Vaticano. Permanecerá lá por 2 meses e depois ficará recluso num antigo convento sobre as colinas do Vaticano, com vista para a cúpula da Basílica de São Pedro. (Fonte: Reuters)