Início Geral Homofobia: protesto pede ação das autoridades

Homofobia: protesto pede ação das autoridades

Com faixas e entoando gritos contra homofobia, um grupo de aproximadamente 70 pessoas foi às ruas no sábado, 30, protestando contra atos de violência e discriminação à comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais, e Transgêneros (LGBTs). O ato iniciou na Praça Getúlio Vargas, às 9 horas, quando os manifestantes se reuniram e definiram o trajeto da caminhada. Por volta das 10h, o grupo saiu pela Rua Marechal Floriano até a frente do Palacinho, sede do Governo Municipal, onde foi lida uma carta com diversas reivindicações que está sendo entregue ao Poder Público local. Após, a caminhada continuou até a frente da Câmara de Vereadores e depois se deslocou até a Delegacia da Polícia Civil. Por fim, o ato encerrou em frente à sede do Ministério Público.
O ato foi organizado através do Facebook pelo Grupo Libertári@s e o Coletivo Maria Subversiva, com o apoio da ONG Desafios, Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Movimento Revolucionário Socialista, grêmios estudantis e comunidade. Na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), o delegado plantonista Márcio Niederauer Nunes da Silva foi aplaudido ao receber o grupo. A ele foi entregue um documento da ONG Desafios (a mesma nota oficial divulgada pela Organização na sexta-feira) com diversas reivindicações. “Estamos atentos a estes acontecimentos noticiados pela mídia e, dentro das nossas competências, vamos investigar os fatos e tomar as providências cabíveis”, garantiu.
Mães de jovens heterossexuais e homossexuais participaram do ato demonstrando apoio. “Isso pode acontecer com o filho de qualquer um, independente da orientação sexual. E nós temos que respeitar as pessoas pelo que elas são”, comentou uma delas. O presidente da ONG Desafios, Everson Boeck, acredita que o assunto deve ter mais atenção das autoridades. “O Poder Público precisa tomar uma atitude para que atos de violência e discriminação, como os que ocorreram no município nas últimas semanas, não se tornem um hábito e se resumam a casos isolados. Se nada for feito, homofóbicos e preconceituosos podem se encorajar e não devemos esperar que esse fato lamentável se repita, podendo se agravar resultando em um homicídio, por exemplo”, considera.
Em nota divulgada na sexta-feira, a ONG Desafios manifestou seu repúdio às práticas violentas e homofóbicas ocorridas do município. O documento solicita providências dos representantes do Poder Público, como por exemplo que as redes de educação, saúde e assistência social integrem no âmbito de suas políticas setoriais ações estratégicas de combate à homofobia e de promoção à diversidade sexual. O documento também cobra que os Poderes Legislativo e Executivo pronunciem-se oficialmente e que o primeiro institua a Comissão Parlamentar sobre Diversidade Sexual e que priorize ações para o enfrentamento à homofobia em âmbito local e o segundo garanta a implantação imediata do Conselho Municipal de Diversidade Sexual e a respectiva Coordenação de Diversidade Sexual no âmbito do Poder Púbico Municipal. A nota também ressalta a necessidade de o Ministério Público e o Poder Judiciário atuarem no sentido de garantir a responsabilização dos agressores nos termos da legislação vigente e o Conselho Tutelar acompanhe os casos relacionados à proteção e garantia dos direitos de crianças e adolescentes vítimas de práticas discriminatórias e homofóbicas.

Luana Ciecelski

Atos de discriminação e violência levaram manifestantes às ruas no sábado
para chamar a atenção da comunidade e do Poder Público

Fatos que motivaram o ato

Na tarde de domingo, 24, por volta de 18h15min, após se encontrar com amigos, uma adolescente de 16 anos estava se deslocando do Centro de Santa Cruz em direção a sua casa, localizada no Bairro Avenida, quando foi surpreendida por cinco homens que começaram a agredí-la com socos, pontapés e xingamentos. Após postar uma foto em sua conta particular do Facebook retratando o espancamento, a informação foi compartilhada e curtida por mais de 1,8 mil pessoas.
Durante uma festa realizada sábado, 16, em uma casa noturna próxima ao centro de Santa Cruz do Sul, clientes relatam que um grupo de pessoas se infiltrou no meio do público que era de segmento alternativo, em sua grande maioria LGBT. Alguns dos presentes afirmam que teriam sido agredidos verbalmente, outros relataram abuso do tipo homens passando a mão em mulheres que estavam acompanhadas de suas namoradas. A festa foi muito prejudicada e teve de ser encerrada antes do horário previsto.
Outro caso que também está sendo veiculado nas redes sociais, refere-se a uma postagem que teria sido feita pelo suposto proprietário de um estabelecimento do Centro de Santa Cruz. No texto, publicado a partir de uma notícia veiculada no site da Zero Hora sobre casamento gay em um piquete de um CTG no próximo dia 20 de setembro, Dia da Revolução Farroupilha, ele faz uma crítica e usou termos chamando os gays de “doentes com distúrbio comportamental para chamar atenção”. Após repercussão negativa, a publicação foi excluída, mas centenas de pessoas ainda estão compartilhando e manifestando sua indignação.


Grupo de manifestantes foi recebido na Delegacia de Polícia de Pronto
Atendimento pelo delegado de plantão, Márcio Nunes da Silva