Início Saúde Hospitais filantrópicos: repasses estaduais e federais são insuficientes

Hospitais filantrópicos: repasses estaduais e federais são insuficientes

Suilan Conrado
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 “A situação dos hospitais é caótica”, disparou o diretor geral do Hospital Santa Cruz (HSC) Léo Kraether Neto, na manhã desta segunda-feira, 8, em reunião realizada nas dependências da instituição para debater acerca da mobilização nacional Reajuste Já!, e divulgar a situação da entidade.

Rolf Steinhaus

Mobilização nacional paralisou atendimentos eletivos nesta segunda-feira, 8. Em Santa Cruz do Sul, HSC realizou reunião para discutir o assunto
 

O Movimento reivindica o reajuste de 100% para os procedimentos de média e baixa complexidade realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e como protesto, os hospitais paralisaram os atendimentos eletivos (não urgentes ou emergentes) nas 245 instituições filantrópicas do Estado nesta segunda-feira, 8.
Os hospitais gaúchos sem fins lucrativos, respondem a 75% do atendimento à população da rede pública, destinando 15.590 dos seus leitos, aos pacientes do SUS. Além disso, há 220 municípios no Estado que contam somente com uma instituição filantrópica para atender seus pacientes.

 

Rolf Steinhaus


Hospital Santa Cruz: filantrópicos do Estado reivindicam 100% de reajuste na Tabela SUS para procedimentos de média e baixa complexidade

Todos estes hospitais, incluindo o HSC, sofrem com a falta de investimento dos governos Estadual e Federal, que repassam apenas 8% e menos de 3,5% respectivamente, quando deveriam, destinar às instituições de saúde, 12% e 10% dos recursos.

APESC

O presidente da Associação Pró-Ensino de Santa Cruz (Apesc), mantenedora do HSC, e reitor da Universidade de Santa Cruz (Unisc), Vilmar Thomé, relata que a lei exige que o SUS cubra 60% dos procedimentos. No entanto, 70% dos atendimentos realizados no HSC são para suprir a demanda dos pacientes do SUS.
Thomé coloca que o Rio Grande do Sul é o Estado que menos investe em saúde, e que um terço dos atendimentos no Brasil são feitos através do SUS, enquanto que só o Estado gaúcho é responsável por atender dois terços dos pacientes pela rede pública. “A União não investe no país e o Estado também não. Sofremos duas vezes”.

PREFEITURA

Conforme o secretário municipal de Saúde, Carlos Behn, a Prefeitura de Santa Cruz do Sul repassa mais do que prevê a lei à saúde. “Dos 15% exigidos, o Município destina 20%”. Behn enfatiza ainda, a importância do governo investir não só em Programas de Saúde Pública, mas na Tabela do SUS, para que toda a população seja contemplada. “Muitos desses Programas implicam em pré-requisitos como número de habitantes, por exemplo, impossibilitando que todas as cidades possam participar. Já o SUS, abrange tudo”, explica.

REPASSES

De um modo geral, a defasagem nas instituições filantrópicas é de 40%, ou seja, para cada R$ 100 gastos, por exemplo, os hospitais recebem R$ 60. Com isso, o Hospital Santa Cruz soma, em média, um déficit de R$ 700 mil ao ano.
Abaixo, o que os governos federal, estadual e municipal deveriam repassar à saúde e o que efetivamente repassam, respectivamente:

FEDERAÇÃO: 10% menos de 3,5%
ESTADO: 12% 8%
MUNICÍPIO: 15%20%