Everson Boeck
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Depois de o prefeito Telmo Kirst (PP) ter repreendido publicamente o então secretário municipal de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade de Santa Cruz, João Miguel Wenzel, este entregou o cargo na manhã de quarta-feira, 27. Na quinta-feira, 28, o Executivo divulgou que está assumindo interinamente o cargo Marcelo Diniz da Silva, que desde dezembro de 2013 estava à frente da subprefeitura de Rio Pardinho. O mal-estar entre o governo e o secretário teria sido motivado por um convite em um encontro informal entre Wenzel e o Procurador-Geral do Município, Ricardo Scherer. Amigos há muitos anos, Scherer teria comentado com o amigo que estava insatisfeito com seu partido, PMDB, e por isso pensava em deixar a sigla. Wenzel, por sua vez, teria colocado o PSDB a disposição de Scherer, notícia que não foi bem recebida por Telmo.
A notícia sobre a possível migração de partido por parte do Procurador-Geral, veiculada nos meios de comunicação locais no início da semana, fez com que o prefeito se manifestasse através de nota na terça-feira, censurando a atitude do secretário. Na nota, o prefeito disse “que nenhum secretário está autorizado a convidar outros integrantes do governo a trocar de partido e que se isso viesse a acontecer, que ficasse claro que o cargo é do partido e não da pessoa”. Em consequência, na quarta-feira pela manhã, Wenzel pediu demissão.
Ao Riovale Jornal, ele explicou que é amigo pessoal de Scherer e apenas teria colocado o partido a disposição do amigo. “Nos conhecemos há muito tempo e ele (Ricardo) havia mencionado que estava insatisfeito com algumas coisas em relação ao seu partido. E eu disse que quando ele desejasse, quando jugasse conveniente, as portas do PSDB estariam abertas. Não vejo por que ser censurado publicamente por algo que não deveria ter esta proporção toda”, considera o ex-secretário. “Sou uma pessoa livre em um país livre, mas o cargo é do prefeito e ele faz o que quer”, acrescenta.
O ex-secretário – que esteve à frente da Secretaria de Educação até março deste ano e, por último, da Secretaria de Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade – ressalta sua participação em diversas conquistas importantes. “Saio tranquilo por ter desempenhado um bom trabalho nas duas pastas e tivemos avanços essenciais, como o pagamento do Piso Nacional do Magistério na Educação e o Cinturão Verde e Túnel Verde no Meio Ambiente. Tenho certeza que deixei minha marca”, frisa. Professor de Educação Física, Miguel já está lecionando.
Decom/PMSCS/Divulgação
Marcelo Diniz recebendo o cargo do prefeito Telmo Kirst
“PSDB vai manter o seu espaço”
O prefeito Telmo Kirst anunciou no final da tarde desta quinta-feira, 28, o nome do novo secretário de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, que assumirá de forma interina. Por tempo indeterminado, ficará no comando da pasta Marcelo Diniz da Silva, que desde dezembro de 2013 estava à frente da subprefeitura de Rio Pardinho. Em seu lugar, assume como agente distrital José Luís Glesse, funcionário de carreira do município.
Formado em Educação Física, Diniz foi candidato a vereador e ficou como suplente pelo PP na coligação União Democrata Progressista com 665 votos. No início do governo Telmo Kirst, foi nomeado Diretor de Planejamento e Gestão na Secretaria Municipal de Saúde. “Quero agradecer ao prefeito pela confiança e dizer que, a partir de amanhã (ontem), estarei reunido com as coordenações da Secretaria de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade a fim de me inteirar do trabalho que vem sendo realizado para dar continuidade aos projetos que já estão em andamento”, declarou.
Na oportunidade, Telmo Kirst salientou que “o PSDB vai manter o seu espaço no governo municipal podendo, inclusive, ampliá-lo. A sigla, através do secretário Cesar Cechinato, do próprio João Wenzel, e de outros cargos de confiança, presta uma grande colaboração ao Executivo. Atualmente, só não ocupa mais uma secretaria porque, em outra ocasião, não aceitou”, disse.
Ex-prefeito, Wenzel defende o irmão
O ex-prefeito de Santa Cruz do Sul e aliado ao governo de Telmo Kirst (PP), José Alberto Wenzel (PSDB) – irmão de João Miguel Wenzel –, criticou a postura do governo quanto ao caso. “O assunto foi conduzido de forma autoritária, mas esse tipo de atitude não cabe mais nos dias de hoje. Estou criticando a forma como as relações estão sendo tratadas. Acredito que é o momento de o Executivo reavaliar isto”, coloca. “Eu já fui prefeito e também já tive que demitir. Um executivo tem que ter pulso firme, tem que tomar decisões que nem sempre são agradáveis, mas tudo deve ser feito num clima de bom relacionamento”, acrescenta.
José Wenzel frisa que sua postura é pessoal e que o partido continuará apoiando as ações do Executivo que beneficiem os santa-cruzenses. “Eu continuo a disposição de tudo aquilo que for importante para o município. Vou dar o assunto por encerrado e serei parceiro do Executivo, principalmente se eu assumir como senador, para que nosso município continue crescendo”, ressalta.
