Início Esportes Riquezas: Associação Meninas do Basquete destaca a nova geração

Riquezas: Associação Meninas do Basquete destaca a nova geração

Time Sub-13 sagrou-se campeão estadual pela primeira vez em 2016 – Crédito: Acervo Pessoal / Reginaldo Soares

Após o sucesso obtido no início dos anos 90, o basquete feminino santa-cruzense voltou a ter protagonismo somente no ambiente escolar, sem possuir equipes na disputa dos estaduais de base ou adulto. A partir de 2015, após uma lacuna de aproximadamente 20 anos, o professor Reginaldo Soares, o mesmo que treinou o time da Ginástica que sagrou-se vice-campeão estadual feminino em 1990, iniciou o projeto Meninas do Basquete, com apoio do União Corinthians, com o objetivo de desenvolver o basquete feminino de base. “O primeiro treino teve a presença de quatro meninas apenas, o que causou uma certa apreensão quanto ao sucesso do projeto. Já no segundo encontro surgiram mais de dez meninas e depois disso, o número de participantes só aumentou. Eram estudantes das várias escolas de Santa Cruz, muitas já atletas das escolas Mauá e São Luís que já possuíam equipes escolares, na faixa de 12 a 17 anos”, conta Soares. Durante o ano de 2015 aconteceram apenas treinos semanais aos sábados, e no final do ano um jogo preparatório/comemorativo entre as atletas que faziam parte do Projeto que tinha como meta principal retomar a participação nos campeonatos.
Em 2016, com muitas dificuldades para conseguir custear as despesas, o Projeto Meninas do Basquete participou do estadual com as categorias sub-13, sub-15 e sub-17. Em seu primeiro ano, coube as meninas do sub-13 obter a primeira conquista estadual para o projeto ao derrotar o Flyboys, de Candelária, em final disputada no dia 26 de novembro, em Caxias do Sul. “Começamos jogando mal e o primeiro tempo encerrou 11 pontos contra, com as meninas um tanto desanimadas. Me ocorreu tranquilizá-las dizendo para elas terem calma e que ainda teríamos dois quartos pela frente, onde precisaríamos fazer apenas seis pontos a mais em um quarto e seis no outro e assim vencermos por um ponto”.
A estratégia de Soares deu certo e a equipe conseguiu buscar a virada e vencer a equipe candelariense por 34 a 32. “Nos últimos segundos, jogo empatado e um ataque nosso. Com o tempo se esgotando conseguimos fazer a cesta da vitória e do título”, destacou o professor. Além do título, a equipe santa-cruzense teve quatro meninas do sub-13 e duas do sub-15 convocadas para a Seleção Gaúcha. “O Projeto começava a ganhar espaço no cenário do basquete gaúcho. A Mel Bontto e Maria Eduarda Helfer permaneceram na seleção sub-13, conquistando o vice-campeonato”, salienta Soares.
A partir de 2017, com uma situação financeira mais equilibrada com recursos obtidos através do Comdica, destinação de recursos de imposto de renda, auxílio dos pais e amigos e a parceria com o Colégio Mauá foi possível planejar o ano com a participação das categorias sub-13, sub-15 e sub-17 no estadual. A categoria sub-13 iniciou o ano com o título da Copa FGB, torneio preparatório ao estadual, que foi obtido de forma invicta. O time sub-16 disputou o Sul-Americano de Basquete, em Novo Hamburgo, sendo vice-campeão da Série B, e no final do ano, o time sub-13 sagrou-se bicampeão estadual ao derrotar o CR Esportes, de Osório, por 58 a 31, em final disputada em Candelária. O time bicampeão estadual foi formado com Mel, Maria E. Helfer (Madu), Paula, Manoela Haas, Maria E. Scheibler, Giulia Damazio, Maria E. Poll, Isadora R., Paulinha, Martina, Fernanda Sisnande, Jade, Duda Schiefferdecker, Larissa M. e Yasmin Werner. Sete atletas do projeto integraram a Seleção Gaúcha nas três categorias, com a atleta Isadora Soares sagrando-se campeã sul-brasileira naquele ano.
A partir de 2018, o Projeto Meninas do Basquete, com o nome de União Corinthians/Colégio Mauá, potencializou as conquistas de base. No início do ano, o projeto participou da Copa FGB nas categorias sub-13, sub-15 e sub-17, onde venceu o torneio da categoria sub-15 de forma invicta. O time sub-13 sagrou-se tricampeão estadual ao vencer uma competição em formato de torneio disputado em Santa Rosa, com o time A santa-cruzense sagrando-se campeão invicto.
As categorias sub-14, sub-15 e sub-17 disputaram as finais estaduais pela primeira vez no Ginásio Alberto Torres, em Lajeado, com a equipe santa-cruzense conquistando títulos estaduais inéditos ao derrotar o CR Esportes, de Osório, por 86 a 13, na final do sub-14 e derrotar o Flyboys, de Candelária, por 61 a 24, no sub-15 e por 53 a 47 no sub-17, com o projeto obtendo quatro títulos estaduais femininos. O projeto também participou do Campeonato Brasileiro CBC sub-16, realizado em Curitiba/PR e da Copa Joinville sub-14, em Joinville/SC.
Em 2019, a equipe santa-cruzense disputou a Copa FGB com as categorias sub-13 A, sub-13 B, sub-14 e sub-16, vindo a vencer nas categorias sub-13 e 14 e a obter o segundo lugar no sub-16. No estadual, as finais foram disputadas em Santa Cruz do Sul. Na categoria sub-12, o Projeto Meninas do Basquete/Unico sagrou-se campeão estadual ao vencer o Colégio Marista São Luís por 40 a 31. Na categoria sub-14, o Projeto Meninas do Basquete/Unico derrotou o Flyboys, de Candelária, por 47 a 34, sagrando-se bicampeão estadual. A categoria sub-16 também sagrou-se campeã estadual ao vencer o Projeto Acolher/Campo Bom por 84 a 40 e a categoria sub-13 obteve o vice-campeonato ao ser derrotada pelo Richmond, de Guaporé, por 50 a 35.

Reginaldo Soares e Betina Bergallo, atleta que irá estudar e jogar basquete nos EUA a partir de agosto – Crédito: Acervo Pessoal / Reginaldo Soares

Atletas nos Estados Unidos

Através de um contato com Anne Sabini, coach que trabalha no Programa Premier Basket Ball, dirigido pelo ex-NBA Keith Van Horn, em Denver, Estados Unidos, realizado pela assistente técnica, Karina Knak, houve interesse do programa em fazer um intercâmbio com o Brasil, onde cinco atletas santa-cruzenses tiveram 10 dias de treinamento no Programa Premier com Mr. Keith e seus treinadores. “Desfrutamos de uma hospitalidade incrível e junto com atletas de São Paulo e Minas e mais o treinador Ariel de São Paulo fizemos um programa inesquecível. Foi a glória poder oferecer para essas meninas as portas de acesso aos EUA para o futuro”, frisou Reginaldo.
A atleta Betina Bergallo, que integrou o projeto, recebeu uma bolsa da Cowley College na cidade de Arkansas/Kansas, EUA. A atleta gaúcha recebeu uma bolsa Full-ride scholarship, ou seja, com tudo incluído, curso, material e dormitório. As aulas iniciam em agosto deste ano. “Orgulho para o Projeto Meninas do Basquete ver uma atleta receber proposta para jogar em quadras americanas, onde sabemos da qualidade do basquete. Assim como ela, outras meninas estão buscando esta porta para também realizar seus sonhos”, finalizou Soares.
Ao avaliar as conquistas, Soares destaca que os títulos são fruto da dedicação das atletas nos treinamentos. “Foi surpreendente a forma como foi conquistado. O projeto se consolidou com o surgimento de atletas e novas categorias. Sempre treinamos e houve muita dedicação e comprometimento dentro e fora da quadra. As conquistas foram resultado desse trabalho social e esportivo com a participação dos pais e famílias, sendo uma satisfação enorme ver o crescimento”, salientou.
Antes da pandemia, o projeto acabou sendo paralisado em razão do União Corinthians optar em não dar sequência. Desta forma, Soares optou em seguir sozinho e criou a Associação Meninas do Basquete. “Devido à pandemia, interrompemos o projeto. Mantivemos o grupo e no final do ano fizemos um amistoso com Guaporé. Foi bem difícil, pois perdemos atletas devido à parada”, frisou o professor. Os treinos foram retomados há duas semanas no Ginásio do Centro de Iniciação Esportiva, no Bairro Faxinal Menino Deus, com a participação de 30 meninas de 13 a 19 anos três vezes por semana. “Estamos inscritos na Federação Gaúcha de Basquete e pretendemos disputar o estadual de base, restando definir as categorias. O projeto continua, vamos abrir mais um polo em Linha Santa Cruz e seguir ampliando o basquete feminino em Santa Cruz”, finalizou.