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Se abaixar a cabeça e disser

Um amigo me disse:
– Minha mãe começou a orar e ler a Bíblia todos os dias. Para ela se alguém quer conhecer a Deus precisa conhecer a Bíblia. Eu disse a ela que isso é um retrocesso.
Eu o fitei carinhosamente e rebati:
– Eu também retrocedi há anos atrás!
Assim que ele se deu conta do que havia dito, tentou se explicar:
– Não, Sérgio, você não retrocedeu…
– Cara, pode ser que alguém se ache muito inteligente ao rejeitar os ensinamentos de Deus, mas, e no final da vida? Essa pessoa terá ganhado ou perdido? A opção é dela, só dela!
Daí expliquei onde e como tudo começou:
Era uma madrugada abafada do dia 30 de dezembro de 1994 quando meu sono foi interrompido pelas palavras de minha esposa: “Ele está vindo!”.
Pulamos da cama e saímos às pressas para o hospital, pois nosso primeiro filho estava para nascer.
Passamos o dia na expectativa do Sergi vir ao mundo, porém o garoto não estava querendo “dar o ar da graça”. No fim da tarde o doutor me chamou para uma conversa:
– Olha Sérgio, vamos ter que fazer uma cesariana de urgência. O bebê está tendo sérias complicações.
Quando ele terminou de explicar que o quadro do menino era instável fiquei estático. Significava que nosso bebê havia entrado na zona de risco. Após uma gestação aparentemente normal o mundo parecia estar caindo sobre minha cabeça e chorei enquanto preparavam a Marta para a cirurgia.
Foi aí que tomei a decisão de orar para que o procedimento cirúrgico fosse bem sucedido. Enquanto tentava suportar a dor e o medo por meu filho, deixei o saguão (mas não sem antes observar os avós com lágrimas nos olhos), e fui até o cemitério que fica ao lado. Não pergunte por que escolhi aquele lugar para falar com Deus, talvez pela tranquilidade… Coloquei meus olhos em direção ao céu e abri meu coração com a oração mais sincera que já fiz:
– Deus, se você salvar meu filho eu entrego minha vida a ti e faço o que você quiser!
Esperamos alguns minutos até que finalmente uma enfermeira saiu com um bebê nos braços:
– É menino? – perguntei.
– Sim! – respondeu.
– É narigudo?
– É – sorriu.
– Então dá pra cá o meu filho!
Não há como descrever o que senti ao colocar o garoto em meus braços. Foi o momento de maior felicidade que já experimentei. Porém, naquele dia comecei a crer que, se abaixar a cabeça e disser “perdi a esperança”, Deus abaixará a cabeça e dirá “perdi um homem”.